quarta-feira, 21 de abril de 2010

Valores Matrifocais - Pedro Guardião

O que é isso?

A sociedade Celta era Matrifocal, isto é, o nome e os bens da família eram passados de mãe para filha. Homens e mulheres tinham os mesmo direitos, sendo a mulher respeitada como Sacerdotisa, mãe, esposa e guerreira, participando das lutas ao lado dos homens. O culto da Grande Mãe e do Deus Cornífero predominaram nas regiões da Europa dominadas pelos Celtas, até a chegada dos romanos, que praticamente dizimaram as tribos Celtas, que nessa época já estavam sendo dominadas pelos Druidas, que representavam uma introdução ao patriarcalismo. Porém, em muitos lugares, a religião da Grande Mãe continuou a ser praticada, pois havia certa tolerância por parte dos romanos, chegando certos ramos da Wicca a incorporar elementos do Panteão Greco-Romano, especialmente na Bruxaria Italiana.

As grandes religiões atuais são baseadas em figuras e princípios masculinos. Deus, sacerdotes, eólogos e a maioria dos santos, profetas e iluminados são homens ou são figurados como homens. Grandes religiões como a Cristã, Islâmica e Judaica confrontamos com uma longa sucessão de figuras paternas e de valores patriarcais. Esta ênfase do masculino estende-se a todos os domínios da sociedade ocidental: a inteligência analítica, o raciocínio linear, a frieza e o controle de sentimentos, a força física, a capacidade de domínio são valores mais considerados do que a intuição, a beleza, a compreensão e a capacidade de exprimir e partilhar sentimentos.
Durante séculos ou mesmo milênios, sobretudo na civilização judaico-cristã, os valores femininos foram relegados para um segundo plano, chegando mesmo a serem identificados com o mal, com o demônio.
Esta situação deixou as pessoas, principalmente nos países protestantes, cujas Igrejas não incluem o culto de Maria ou dos santos, sem uma referência feminina, sem algo que defendesse, apoiasse e permitisse a expressão dum conjunto de sentimentos que dificilmente se encaixa numa religião patriarcal.
Foi somente na Idade Média que a Bruxaria foi relegada às sombras com o domínio da Igreja Católica e a criação da Inquisição, cujo objetivo era eliminar de vez as antigas crenças, que eram uma ameaça a um clero muito mais preocupado em acumular bens e riquezas do que a propagar a verdadeira mensagem de Jesus.
Se fôssemos descrever essa época infame, em que milhões de pessoas, em sua maioria mulheres, foram perseguidas, torturadas e assassinadas pela Inquisição, com certeza, escreveríamos um livro com milhares de páginas, mas este não é o nosso objetivo.

Muitas das vítimas da Inquisição não eram Bruxas, e sim, pessoas com problemas de saúde, doenças mentais, deficiências físicas ou somente o alvo da suspeita e inveja do povo.
Também era comum se acusar pessoas para tomar seus bens, pois esses eram divididos entre os inquisidores. Durante o tempo das fogueiras, o medo fez com que muitas de nós permanecêssemos no anonimato para resguardarmos nossa vidas e nossa famílias. Muitos dos conhecimentos passaram a ser transmitidos oralmente, por medida de segurança, e, assim, muito se perdeu.

Desmistificando sobre a sexualidade dos bruxos, a religião não quer dizer nada em relação a opção sexual de cada um. Muitos pensam que pelo paganismo ser uma religião de foco matriarcal, eles sejam obrigatóriamente homosexuais. Não, isto é MITO. Muitos bruxos e pagãos casam-se, constituem suas famílias. Nada impedindo de que pessoas do mesmo sexo se relacionem, pois a Wicca é uma religião de livre arbítrio e sem leis ponderais, não impedindo o amor entre duas pessoas. Isto é uma das coisas mais admiráveis nesta religião.
O Paganismo propõe-se recuperar a complementaridade entre homem e mulher, entre macho e fêmea, simbolizados na dupla Deus e Deusa, que não são superiores um ao outro, mas que se complementam. Dentro do Paganismo a Wicca dá à Deusa um papel preponderante, quer nas suas práticas quer nos seus mitos, criando assim o seu principal símbolo e mostrando a sua importância fundamental, quer para as mulheres, quer para os homens.

Fonte: Adaptado do livro virtual - "Wicca, Alquimia, Magia Cigana e Outros.pdf" - autor desconhecido.

3 comentários:

JustAnotherGr disse...

Oi Pedro! Boa noite! Tudo bem?
Muito bom o post de hoje! Você está de parabéns, é sempre muito importante levantar a questão sobre o Sagrado Feminino. O que não podemos deixar de lembrar às pessoas é que resgatar o sagrado feminino não signigica ignorar ou exterminar o princípio sagrado de energia; Pelo contrário, nosso objetivo é equilibrar estas forças, para que possamos viver em harmonia e com mais saúde, psíquica e emocional.
Um beijão! Te vejo no Aprendizes e no WTMW!

JustAnotherGr disse...

Eu deixei incompleto: Não queremos ignorar ou exterminar o princípio sagrado de energia masculina!
Só para não ficar imcompleto.
;)

Pedro Guardião disse...

Oi, Fernanda! Tudo bem sim!
Com certeza, resgatando o princípio feminino e JAMAIS ignorando o princípio masculino, pois a energia patriarca está também nas religiões neopagãs, sendo o Deus, o consorte da Deusa.
O post teve como idéia relembrar a ancestralidade matriarcal, já que vivemos numa sociedade gradiosamente patriarcal. A energia do masculino é muito importante, pois o feminino e masculino se completam!
Valeu.
Beijão!