quinta-feira, 24 de maio de 2012

Donzela, Mãe e Anciã - Pedro Guardião

Nos cultos pagãos onde sempre se reverenciou a Natureza, há o culto da Deusa Tríplice. Não se trata de três deusas distintas, mas sim dos três aspectos diferentes e complementares da Deusa ou da polaridade feminina de Deus (o TODO). Esses três aspectos na verdade são imagens arquetípicas: a donzela, a mãe e a anciã.

A DONZELA
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Desabrochar da feminilidade, maioridade e despertar da sexualidade. Está relacionada a primavera, início dos tempos. Deusas: Afrodite, Eostre, Ártemis, Atena, Perséfone e Diana. É aquele aspecto da mulher que não foi afetado pelas expectativas sociais e culturais, determinadas pelo sexo masculino. O aspecto da deusa virgem é uma pura essência de quem é mulher e daquilo que ela valoriza. Ele permanece imaculado e não contaminado, porque ela não o revela, pois o mantém sagrado e secreto, ou porque o expressa sem modificação para refutar os padrões masculinos. Tem muito a ver com a infância e adolescência da mulher onde ela ainda é ela mesma, com seus trejeitos, manias, ou seja, com sua natureza intacta. A donzela ainda não aprendeu a usar com maestria as máscaras sociais que, em breve, a farão perder sua inocência.

A MÃE
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O segundo aspecto da deusa é a mãe, também chamada de amiga, amante, guerreira ou irmã. Ela é considerada a grande mãe, a mãe natureza, o que significa que é também a criadora e doadora da vida de todas as coisas animadas e inanimadas. Ela é simbolizada pelo verão. Deusas: Deméter, Ísis, Gaia, Nut, Hera, Danu e Selene. Uma deusa mãe é representada como a Mãe Terra; é representada como deidade da fertilidade geralmente sendo a generosa personificação da Terra. O termo Deusa mãe refere-se a um mito universal de divindade feminina relacionada à Natureza, aos ciclos, à Fertilidade e seu culto remonta ao início da história humana. O culto à Deusa mãe foi observado inicialmente na Pré-história (Paleolítico e Neolítico), aonde foram encontradas estatuetas de culto, estendendo-se ao reino da Frígia, onde ficou mais conhecida como Cibele daí às civilizações grega, romana, egípcia e babilônia aonde se consolidou um enorme panteão de deusas. A existência do culto em várias culturas não-frígias evidência, no entanto que Cibele é tão-somente a manifestação local desta divindade, a qual era identificada, entre os gregos, à deusa Réia. Estudos apontam que a ascensão do patriarcado, iniciada com os hebreus, na religião fez com que a tradição de adoração à deusa se tornasse ameaçadora à consolidação do poder pelos homens. Alguns ramos do cristianismo, tais como o catolicismo Romano, e a ortodoxia consideram Maria (mãe de Jesus), como uma mãe espiritual, cumprindo um papel materno, e vista como uma força protetora e intercessora, porém ela não é adorada como uma “deusa-mãe”. Vivemos o arquétipo da mãe quando estamos gestando: uns filhos, projetos, cursos, amigos, pais idosos, enfim somos a DEUSA-MÃE quando estamos gerando, nutrindo e cuidando de “aspectos” muito especiais para o nosso útero/coração.

A ANCIÃ:
 Guardiã do conhecimento oculto, dos mistérios da sabedoria mágica, a rainha do submundo, a sombra e todos os segredos que só a idade pode nos proporcionar. A anciã é a deusa tríplice por ela própria. Está associada ao inverno. Deusas: Hécate, Kali, Baba Yaga e Ceridwen. É a avó benevolente, que você pode contar para receber aquele conselho prudente. Ela é a mulher sábia que é mais poderosa que a mãe. Para a anciã não existem segredos, pois em função da sua idade, acumulou experiências, transformando-as em sabedoria. Ela é a pessoa idosa que já viu tudo e passou por isso com seu espírito não abafado e com o temperamento moderado pela experiência. Ela é o arquétipo da centralização interior, o ponto de equilíbrio que permite à mulher permanecer firme no meio da confusão, desordem ou afobação do dia-a-dia. O seu tema básico é a premonição. Vivemos de acordo com este arquétipo quando nos aproximamos do fim de nosso processo de autoconhecimento (amadurecimento psíquico/processo de individuação). Esta fase pode ou não coincidir com o final da menstruação  e chegada da menopausa. Percebemos que a anciã nos traz o conhecimento de que não precisamos acumular coisas, pessoas e objetos, ao contrário, começamos a querer, com muita generosidade, dividir nossos conhecimentos com as futuras gerações, numa tentativa de fazer o melhor por nossos descendentes e por este lindo Planeta Azul.

Nas religiões pagãs, em especial na religião Wicca, o símbolo mais importante utilizado na representação da Deusa é a Lua – chamada de Deusa Tríplice ou Tríplice Deusa- associando-se às três fases visíveis da Lua, manifesta-se de três maneiras: Na lua nova/crescente, A Deusa é a Donzela (representando a pureza e a busca pelo conhecimento). Na lua cheia, Ela é a Mãe (representando poder, proteção e carinho maternal). Na lua minguante, Ela é a Anciã (representando sabedoria, conhecimento e renovação).

A deusa tríplice vive no lado ativo da psique feminina e toda mulher deve aprender a identificar suas facetas, para depois trabalhar com ela. Perceber como ela se manifesta em nosso interior é importante para evitar que este espaço seja inundado por uma destas facetas, anulando por completo a nossa vontade e impedindo-nos de exercer o nosso direito de livre escolha.A triplicidade da deusa pode ser percebida em muitas facetas da vida. Se lhe concedermos a oportunidade para se manifestar como figura mítica, ela poderá inspirar a nossa alma, assim como nutrir, sustentar e transformar o cerne do nosso ser.

Fonte: 
http://carlalindolfo.wordpress.com/2010/07/14/a-deusa-triplice-donzela-mae-e-ancia/

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